A equipe odontológica está sujeita a condições que favorecem exposições ocupacionais a material biológico tais como a atuação na cavidade bucal - ambiente de pequenas dimensões, difícil acesso e colonizado por diversos microrganismos - e o uso de instrumentos perfurocortantes e equipamentos rotatórios geradores de respingos e aerossóis. Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi identificar o perfil epidemiológico dos acidentes envolvendo material biológico notificados na instituição. Foi delineado um estudo descritivo transversal considerando as fichas (n=71) de registro de acidentes com material biológico ocorridos na instituição no período de março de 2002 a julho de 2008. Dentre os acidentes notificados, 91,6% ocorreram em estudantes, 4,2% em técnicos-administrativos, 2,8% em professores e 1,4% em estagiários, sendo 64,8% dos acidentados do sexo feminino. Considerando que 31 notificações permaneceram com dados incompletos, os demais acidentes (n=40) apresentaram o seguinte perfil: Exposição percutânea (34/85,0%) e respingos em mucosas (6/15,0%); A Área corporal mais atingida foram as mãos (32/80,0%), e mucosas (6/15,0%); o material biológico envolvido foi o sangue e saliva (17/42,5%) e saliva (5/12,5%); houve prevalência do reencape (9/22,5%) e manuseio (7/17,5%) de agulha anestésica e da execução de procedimentos cirúrgicos (6/15,0%); A fonte era conhecida em 75,0% (n=30) dos acidentes. O uso de todos os equipamentos de proteção individual foi apontado por 75,0% (n=30) dos respondentes e a cobertura vacinal contra hepatite B por 95,0% (n=38), sendo que 92,1% possuíam esquema vacinal completo e 50,0% conheciam e eram respondedores ao Anti HBs. Conclui-se que o risco biológico é iminente para a equipe odontológica e que é necessário estabelecer um programa de educação permanente focado em estratégias de educação e prevenção de acidentes com material biológico e na sensibilização deste público quanto à importância da notificação de acidentes, além de aperfeiçoar o sistema de registro da CCIO.