O objetivo do presente estudo foi relatar um caso clínico de sobretratamento restaurador e discutir os aspectos relacionados ao diagnóstico e a conduta clínica frente a lesões de cárie. A paciente do sexo feminino (22 anos) procurou atendimento odontológico na Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Pelotas. Durante o acolhimento a paciente relatou ter sido diagnosticada com diversas lesões de cárie e com a necessidade de tratamento restaurador. Os exames periodontais supragengivais demonstraram um índice de Placa Visível de 8,3% e um índice de sangramento gengival de 13,54%. Nenhuma profundidade de sondagem maior que 3mm foi observada. Ao Exame de ICDAS (International Caries Detection and Assessment System) foram observadas diversas lesões inativas de cárie, cavitadas e não cavitadas, scores ICDAS 2 e 3. Foram observadas restaurações de resina composta (classe I) nas superfícies oclusais dos elementos 16, 26 e 46. Desta forma, a paciente foi diagnosticada com ausência da doença cárie e com gengivite leve induzida por biofilme. Orientações de higiene bucal foram discutidas para o tratamento da gengivite e o acompanhamento das lesões de cárie foram indicados para o caso. Após 1 ano de acompanhamento, as lesões inativas não se alteraram, demonstrando que abordagens conservadoras são uma ótima opção, além de evitarem o sobretratamento restaurador. O presente estudo utiliza como background o presente relato de experiência para discutir o manejo da cárie dental e a indicação do tratamento restaurador baseado em evidências científicas.